quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"Mas que circo! Léger, na terra dos círculos em ação"




Sábado, 3 dezembro, 2011-segunda-feira 5 de março, 2012
Musee National Fernand Léger, em Biot








Ir ao o circo.
Nada é tão redondo como o circo.
Esta é uma enorme tigela onde se desenvolvem formas circulares.
Ele não pára, tudo é contínuo.
A pista domina, comanda, absorve.
O público é o cenário móvel, que se move conforme a ação na pista.
As figuras sobem, descem, choram e riem.
O cavalo gira, os acrobatas se movem, o urso atravessa o aro e os malabaristas lançam anéis para o espaço [...].
Vá ao circo.
Você deixará  as suas janelas geométricas e você irá ao país dos círculos em movimento.

Fernand Leger, Circus, Edições Verve, 1950










Léger e Tériade

Circo é a obra-prima gravada de Leger, inteiramente realisada pelo artista em 1950, a pedido de Tériade, uma das maiores editoras de arte do século XX. Depois dos Divertimentos de Rouault em 1943 e o Jazz de Matisse em 1947 e antes do Circo de Chagall em 1967, este é o terceiro livro sobre o tema, encomendado pela Edições Verve aos artistas plásticos. Seguem várias obras ilustradas por Leger, mas o texto foi escrito por outros (Cendrars, Malraux, Eluard ...).










Inteiramente realisado pelo artista, o livro é composto de 113 páginas com tiragens elaboradas pelos irmãos Mourlot, famosos litógrafos parisienses.

O texto foi escrito a caneta. Os guaches coloridos e os desenhos em preto e branco fazendo reviver as memórias da infância em Argentan com espontaneidade e do Circo Medrano em Paris.







Léger escreveu o texto depois de terminar as ilustrações. Seguindo o método de seu amigo Cendrars, ele usa frases tiradas de seus escritos anteriores e remonta-os por colagens com uma lógica próxima à montagem cinematográfica.

Em algumas ilustrações, esses contrastes são acentuados pela separação entre linha e a cor. Este novo processo que lembra a recente visita do artista aos Estados Unidos que foi marcada pela violência intermitente das luzes noturnas da Broadway.










O tom nunca é doutoral, mas reflete, no entanto, com simplicidade e discernimento as sensações do artista durante suas viagens através do país e ao redor da pista.

O pensamento do artista se vira de fora para dentro ligando as memórias da juventude à experiência do mundo contemporâneo.










Passando as cortinas vermelhas, você entra na pista. Fernand Leger o convida a viajar "na terra de círculos em ação", em que os figurinos deslumbrantes com mil luzes sob os projetores, a dinâmica dos números que se sucedem em um tilintar de sons sem ligacões narrativas, a pista esférica atravessada pelos corpos flexíveis dos acrobatas encantam o pintor que encontra uma imagem embemática do grande espetáculo da vida moderna.









Com Leger, os artistas de circo viajam de um quadro para outro, da mesma forma que os motivos das cordas, barras, pesos, balanças ou balões que pontilham sua produção desde o Circo Medrano (1918, Museu de Arte Moderna) seguem até as grandes pinturas dos últimos anos tais como os Construtores ou os Lazeres.







Virando as páginas de Circo, o leitor toma conhecimento de uma nova relação que se estabelece entre o homem e a natureza através da mudança tanto de paisagens como o da nossa relação com o corpo.


Através do diálogo entre o texto e a imagem que ele permite, o livro é para o artista uma ferramenta adequada a gerar sensações, capazes de perturbar o leitor levando-o a mudar a sua visão do mundo e sua capacidade de agir.







Nisto, as pesquisa de Léger sobre o universo dos saltimbancos fazem do Cirque um testamento magnificamente artístico magnificamente acompanhado pela última séie das Paradas pintadas antes da morte repentina do artista em 1955.







Na exposição, a configuração integral das páginas do álbum permitem explorar esse tema fundador em Léger. Além disso, uma seleção de trabalhos e documentos da coleção do museu e alguns empréstimos (doMuseu Nacional de Arte Moderna, Galeria Leiris, coleção Alain Frère ...) evocam a permanência do tema circo no artista à partir de 1918.

Finalmente um documentário e contextualiza a importância deste assunto na imaginação dos artistas modernos e a relação de amizade entre Tériade e Léger levando-o a encomenda do livro.








http://www.musees-nationaux-alpesmaritimes.fr/cms.html?pID=96








Museu Nacional Fernand Léger
Chemin du Val de Pome
06410 Biot
Tél: 33 (0)4.92.91.50.20
Fax : 33 (0)4 92 91 50 31

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